11/08/13

Vadios



Vadios,
os meus pensamentos
saem de mim,
assim,
sem dar conta,
já não estão aqui.
E voltam,
sossegados uns,
turbulentos outros.
Acalmo-os,
dou-lhes a alma
para lá entrarem,
e sossegarem.

Permanecem nesse canto
até ao desafio
que de mim parte.
Quando não dou permissão,
insistem e lá vão!
Com eles vou sempre,
afinal.
Partimos e voltamos,
nesta viagem virtual,
neste ir e vir vital!

maria eduarda

10/08/13

Ausente


Procurei-te
na ausência.
Encontrei-te
no silêncio
do pensamento.
Pudemos olhar-nos,
falar-nos,
enquanto durou
esse silêncio.
Perdi-te,
na presença!

maria eduarda

09/08/13

Marasmo


Chegas tarde,
chegas cedo,
que importa o tempo,
desde que chegues?

Vem,
rompe o marasmo,
reinventa o dia,
atenta em mim,
relança-te, e
nos meus braços,
descansa por mim.

maria eduarda

08/08/13

Intenção




Não tenho de mim,
senão eu...
Tantas vezes
incrédula,
tantas vezes
em busca!
E sou eu,
em vários estares
que me surpreendem,
na vontade que me habita
de ser sempre eu,
ontem como agora,
amanhã como outrora.
Ter força para voar,
firmeza em saber planar,
e voltar,
num sereno aterrar.

maria eduarda

07/08/13

Abreviar


A luz
escondeu-se
do meu horizonte
crepuscular.

Levo o laranja,
dobro-o
na bainha
dos meus lençóis,
da cor da paz.
Nessa luz
descanso,
no horizonte
assim criado.

maria eduarda

Reflexos



Há imagens que falam por si. Há sorrisos, expressões que jamais se esquecerão. E na vida, no momento, no reflexo de um qualquer espelho, recebe-se a dádiva, a grandeza desta emoção sentida, de rever nesse vidro, marcas de alguém que já partiu.

maria eduarda

05/08/13

Teimosia




Espreitam
com argúcia,
nuvens negras.
Posicionam-se,
e vertem lágrimas
que me lavam
na escuridão do dia.
Há brilho
no líquido jorrante,
herdou-o do Sol,
recluso, pedante,
decidiu confiante
não ser amante
de manhãs deslumbrantes.

maria eduarda

04/08/13

Há verdades



Há verdades indomáveis,
rebeldes, de duras,
molhadas, de lágrimas,
desesperadas, de inquietações.
Há verdades doces,
ternas, de beijos,
reconhecidas, de gratidão.
Há verdades ofuscadas,
povoadas de mentiras;
há mentiras redundantes
de verdades quase amargas.
Se reveladas, emerge o trunfo
verdadeiro, audaz, vitorioso,
de uma verdade alcançada
na derrota redundante
da verdade falseada.

maria eduarda

Surpreender


Surpreende-me
nas palavras ditas,
novas, nunca ouvidas,
no gesto corajoso
que segura a chama
na tocha que inflama.
Surpreende-me
no teu chamamento,
no sorriso franco,
para que o meu pranto
sucumba no lamento.
Recomeça a aposta
lançada neste jogo
onde fomos os dados,
à deriva lançados
nos mesmos caminhos
outrora traçados.
Inova o jogo,
dá-lhe outra direcção,
um rumo qualquer
onde por certo,
segure a tua mão.

maria eduarda

03/08/13

Resolução



A campainha da porta
oferece-se ao toque,
hesitante no gesto,
no soar inaudível,
ou no refreio da mão?
A espera do minuto,
a opção segunda,
o bater forte da mão,
força contida,
hesitação renovada.
Grotesca a resolução,
o virar das costas
em direção ao portão.

maria eduarda

01/08/13

Reagir


Às vezes vive-se embalado em vácuo, sem inércia, quase inanimado. Basta um pequeno sinal, e o invólucro rompe. Sai-se delirante, ofegante, pronto de braços e pernas, esbracejando, esperneando.

Liberto de sufoco, todo o chão é pouco para percorrer a liberdade e sorver a vida.

maria eduarda

Num abraço


Abraça-me
com o teu calor.
Alimenta a chama
que se quer acesa
no murmúrio da noite,
ou então,
estende os braços
para que eu saiba
ajustar-me
no teu porto de abrigo.
Em silêncio
pairaremos
em busca
do chão certo,
onde estaremos
tu e eu,
para sermos nós.

maria eduarda