30/03/13

Voar

Talvez me sente
a contemplar as nuvens,
almofadas de algodão,
onde aconchego
os meus sonhos.

Talvez assim,
neste macio sentir,
adormeça as asas,
ávidas de voar,
ou
talvez lhes dê
um corpo de pássaro,
na aprendizagem
do voo prometido.

maria eduarda

29/03/13

Por inteiro

Não sei rir
sem motivo, 
não sei partir
estando inteira,
não sei sofrer
em metades.

Em tudo o que faço,
em tudo o que sinto,
sou toda,
plena de vontades.

maria eduarda

28/03/13

A saudade




A saudade é uma linha no pensamento, que enche uma página pautada, de lembranças.
E a saudade alimenta-se da recordação do gesto dirigido, da palavra proferida, de episódios vividos, de pessoas na passagem.Às vezes a saudade aquieta-se e sossega; outras vezes impõe-se na pacatez , e destrói a quietude do momento. Depois, apaziguamo-la, e ela adormece, porque lhe demos o nosso tempo, na vertigem do momento, que já foi.

maria eduarda

27/03/13

Saudação



Saúdo-te
tempo de glória,
de regozijo.
Embala-me
sem demora,
devolve-me a paz,
hoje, agora,
e celebrarei
o presente,
neste tempo,
nesta aposta,
num hino à vida.


maria eduarda

26/03/13

Na esperança

Roçou a esperança,
manteve a ousadia,
a firmeza,
a comiseração,
mas a noção gritante
de que um dia,
leve,
levemente,
só,
 a esperança
se diluíria
no seu semblante

maria eduarda

25/03/13

Atravesso a vida



Atravesso a vida
assim, como navegante
em águas revoltas,
ou águas serenas.
E remo sempre,
braço condizente
com a vontade aliciante
de, na água que flui,
me rever nela,
e concluir
que no meu reflexo,
sou o que sempre fui!


maria eduarda

24/03/13

A hora da partida


A hora da partida
não se adia,

não se olha para trás.

Na hora da partida

o corpo deve seguir uno,

não haja um abraço que falte,

um lugar aonde ir,

um despedir!

Na hora da partida,

os nós rangem
em silêncio,
dentro de cada um de nós.


maria eduarda

23/03/13

No teu jeito singular



No teu jeito singular,
saltaste o tempo,
refugiaste a ordem
do teu nascimento.
Só no reflexo
alcanças a nitidez
da silhueta de agora,
música sonante
noutro cambiante.
Continuas a dançar,
no teu jeito singular

maria eduarda

A música

É ISSO AÍ
"Eu não sei parar de te olhar"

22/03/13

A evasão



O silêncio enche a casa,
abafa o ar, atormenta o ser.
Do nada, faz tábua rasa,
agarra a vontade, o querer.
Acontece o rumor, o ruído,
envolvendo o vazio, o nada.
Reabre-se a fonte, o ouvido,
e em melodia pautada,
faz-se vida, faz-se música.
O corpo adormecido reage,
reformula a hora única,
não se abandona e age.

Assim são momentos sombrios,
silenciosos, inquietantes,
e a harmonia, em dias frios,
recoloca na vida, variantes.
O só, existe, por vezes,
à espera do som, do despertar.
A obstinação enfrenta os revezes,
adianta-se à vontade de voar.
Surge o tumulto, a mudança,
capaz de alterar a solidão,
liberta-se em melodia de dança,
no cenário onírico da evasão.



maria eduarda

21/03/13

Nada mais


Sou de ti,
o que tenho,
o que consinto
que tenhas.

Nada mais,
nada menos,
só o que tenho
em ti,
por mim
consentido. 

maria eduarda

A descoberta



Prometo recuperar um raio de Sol tímido, que se insinua em traços claros e dourados. O sonho apodera-se dessa claridade, e cavalga na imensidão do dia, que acordou límpido e cordial.

Em dias assim, desconheço a força que me fustiga, e me lança em acrobacias estonteantes de vida interior, pronta para novos desafios, que reconhecem hoje, como mais um dia nesta etapa. Daí a ebulição em efervescência da vida que me espera todos os dias, quando abro os olhos e me deparo inteira e viva.

maria eduarda

20/03/13

Renovação


             

Tenho um lugar marcado
no transporte,
no assento
desta viagem vivida.
Sento-me lá agora,
e não o reconheço
ou não me acho a mim,
naquele assento.
É outra a pessoa
que lá se senta,
ou o motivo do viajar
alterou-se, baralhou-se,
desacomodou-se.
O viajante já não condiz
com o assento,
e a viagem
foi interrompida, 
alterada.
Agora, renovada,
traço outro destino
num outro assento,
sem nenhum lamento,
no transporte do momento!

maria eduarda

19/03/13

Cansaço

Amanheceu.
O corpo cansado
respondeu ao apelo,
e ergueu-se,
mas a cabeça exausta
determinou
não aceitar a manhã,
e voltar
ao início da noite,
quando o ser se evade
por breves horas.


maria eduarda

18/03/13

A despedida



                                                                              
E quando anoitece
em vagarosos tempos,
na memória que se tece
das alturas,
das viagens,
das venturas
na teia retocada,
na viagem atropelada,
que foi nossa,
e já passada...

Deixo-te África,
no fio resistente
da teia urdida,
sempre tecida
até ao fim da vida.

maria eduarda

12/03/13

Vontades



Apetece-me o azul,
reflexo na água, ao luar,
ou o celeste límpido,
também o branco, a par.
É a vontade de lutar,
de ser, de viver, de estar!

Apetece-me voar!
alcançar o azul, o branco,
não para fugir,
mas para voltar.
Voltar para ficar,mudar ou não,
mas para continuar,até me fartar!
Agora, o verde e o vermelho-
-a esperança e a garrra-,
de me fixar à vontade,
de me colar ao querer,
à vida, ao pulsar da alegria.

Apetece-me cantar!
Cantar em uníssono,
contagiar toda a gente,
sorrir, gargalhar, gritar!

Apetece-me gostar!
Gostar do meu jardim, das flores,
das folhas caídas no chão,
do musgo, dos galhos partidos,
e do ladrar do meu cão.

Apetece-me gostar de estar!

maria eduarda

06/03/13

Revelação



Mostrei-te o céu
na tormenta das horas,
no tic tac marcante
do relógio da sala.
Baixaste a luz,
focaste a escuridão
onde a lua
me espreita,
por entre o arvorado,
na sua dedicação.

maria eduarda

03/03/13

Talvez



Talvez me invente
em canções,
trauteadas por ti.
Talvez queira ser
a denúncia da vida,
quando não me olhas.
Talvez de ti
venha o som
do arrufar de tambores
em busca de mim.
Talvez eu vá,
breve ou adiada,
num gesto, ou alada,
rever a beleza
da sinfonia
que sempre tocaste.

maria eduarda