12/10/14

Ondulações



A música traz
o vento ritmado,
pétalas cantantes
e sussurros vencidos.
Leva o soerguer da alma,
a leveza do tom,
a melodia refeita.

maria eduarda

10/08/14

Eleição


Tomei-te por pedra,
ao acaso jogada
no meu percurso.
Olhada,
retrocedi,
alisei-a,
recuperei-a,
e agora com outro fim,
depositei-a
bem no centro
do meu jardim.
Aí me detenho
diariamente,
no lazer,
no tratar,
 no embelezar.
A pedra roliça
adorna o canteiro,
e encanta-me a mim,
na função primeira,
da mensagem do recanto,
em lugar eleito
de meditação.

maria eduarda

09/08/14

Ao natural


Voar, a palmos do chão,
ziguezagueando,
em acrobacias.
De cima,
poder moldar-se
ao vento,
à chuva,
ao frio.
Se lhe permitir o voo,
os elementos desafia,
segue-os  como igual,
desabrido, ao natural.

maria eduarda

07/08/14

Encantamento


A noite é mensageira,
é dissuasora,
por vezes esclarecedora,
porque no silêncio,
recebemos a mensagem
que entra sem rodeios,
sem permissão.
À noite,
invadem-nos melodias,
encantam-nos magias
com contornos abusivos.
Compõem-se sinfonias,
audíveis, apetecíveis.
Entramos na pauta
musicada para nós,
adaptamos as notas,
diluímos o tom,
porque ao amanhecer
se concretizam noutro som.

maria eduarda

05/08/14

Embriaguez



Há momentos felizes,
pedaços nos nossos dias,
passagens onde somos aprendizes
em aperfeiçoar as melodias.

Essas sim, vivê-las
sem receio, em plenitude,
embriagados, sem contê-las,
extravasá-las na sua magnitude.

Ouvir o som que embala,
embeleza esta passagem,
Usufruir dele em plena gala,
refletir nele a nossa imagem.

Dançar sempre, neste salão,
ao som dos dias, notas musicais.
Contagiar até à exaustão,
persistir, não abandonar o cais.

E, quando a melodia acabar,
transferi-la para o coração,
enebriá-lo de um outro bailar,
para viver, há sempre uma razão!


maria eduarda

Dedilhar


E o som da guitarra
dedilhada, tangente,
abafa os meus passos
outrora devassos,
de ébrios cansaços,
revelados apenas
na corda errante
de uma guitarra
perdida no tempo.

maria eduarda 

13/07/14

Reconhecimento


Eras então tu,
sem brio,
sem rigor
de ti.
Curvaste-te
ao sol nascente,
na luz aquecida
de Verões ausentes.
No frio
da palma da tua mão,
sombreaste o dia
que se quer claro,
em ti!

maria eduarda

13/03/14

Enfermidade



Sei-te longe,
naquela distância
entre saber-me
neste chão,
e pressupor-te
nalguma razão.
Estar enferma
nesta libertação
que me cerca,
me tolhe,
me impede
de seguir,
me recolhe
na hesitação.

maria eduarda

09/02/14

Fazer sentido



Quando o meu rosto
se traduzir num mapa,
recheado de linhas,
quero saber-te aqui,
e, olhando-me, conheceres
nas linhas minhas,
o caminho percorrido,
o atalho escolhido,
as regras transgredidas,
e o amor por ti sentido.
Quero que a ternura impere,
cimentada em uníssono,
neste nosso caminhar,
na luta par a par,
travada contra tempos,
que não nos davam vitória!
Quero olhar para ti e,
em cada linha do rosto teu,
ver reflectido um esboço meu,
da viagem percorrida, unida,
sempre,sem despedida!
Só assim a luta faz sentido,

porque assim foi nosso, o vivido!

maria eduarda

02/02/14

Às vezes


Às vezes,
momentos, horas
vividas ao segundo,
tocam-nos, renascem-nos,
cumprimentam-nos
na alegria inundada,
na felicidade sentida.
E essas horas
são momentos,
instantâneos de vida
finalizados depois,
para serem (re)começados,
(re)vividos, sentidos.
E a felicidade assim,
quase em apoteose,
inunda-nos o corpo,
a alma, os sentires.
E o tempo entra,
em delícia,
toca-nos ao de leve,
resgata o silêncio,
exige ternura,carinho,

num tempo que agora é nosso,
de efémero que é...

maria eduarda

06/01/14

Invernos


Arvoredo despido,
galhos retorcidos,
quebradiços,
entoam toadas sazonais,
enchem de sonoridades
os quintais.
Rejeitam o frio
que lhes tolhe os braços
que querem abertos,
às aves matinais.
Reclamam o verde,
a cama dos pardais,
e azáfamas demais.
Mas, a luz que clareou
por instantes breves,
entre os galhos segredou,
que o Invernou já chegou.

maria eduarda