10/08/14

Eleição


Tomei-te por pedra,
ao acaso jogada
no meu percurso.
Olhada,
retrocedi,
alisei-a,
recuperei-a,
e agora com outro fim,
depositei-a
bem no centro
do meu jardim.
Aí me detenho
diariamente,
no lazer,
no tratar,
 no embelezar.
A pedra roliça
adorna o canteiro,
e encanta-me a mim,
na função primeira,
da mensagem do recanto,
em lugar eleito
de meditação.

maria eduarda

09/08/14

Ao natural


Voar, a palmos do chão,
ziguezagueando,
em acrobacias.
De cima,
poder moldar-se
ao vento,
à chuva,
ao frio.
Se lhe permitir o voo,
os elementos desafia,
segue-os  como igual,
desabrido, ao natural.

maria eduarda

07/08/14

Encantamento


A noite é mensageira,
é dissuasora,
por vezes esclarecedora,
porque no silêncio,
recebemos a mensagem
que entra sem rodeios,
sem permissão.
À noite,
invadem-nos melodias,
encantam-nos magias
com contornos abusivos.
Compõem-se sinfonias,
audíveis, apetecíveis.
Entramos na pauta
musicada para nós,
adaptamos as notas,
diluímos o tom,
porque ao amanhecer
se concretizam noutro som.

maria eduarda

05/08/14

Embriaguez



Há momentos felizes,
pedaços nos nossos dias,
passagens onde somos aprendizes
em aperfeiçoar as melodias.

Essas sim, vivê-las
sem receio, em plenitude,
embriagados, sem contê-las,
extravasá-las na sua magnitude.

Ouvir o som que embala,
embeleza esta passagem,
Usufruir dele em plena gala,
refletir nele a nossa imagem.

Dançar sempre, neste salão,
ao som dos dias, notas musicais.
Contagiar até à exaustão,
persistir, não abandonar o cais.

E, quando a melodia acabar,
transferi-la para o coração,
enebriá-lo de um outro bailar,
para viver, há sempre uma razão!


maria eduarda

Dedilhar


E o som da guitarra
dedilhada, tangente,
abafa os meus passos
outrora devassos,
de ébrios cansaços,
revelados apenas
na corda errante
de uma guitarra
perdida no tempo.

maria eduarda