28/09/13

Prisioneira



Os sapatos levam-me por aí,
mas hoje doem-me os pés.
Desculpa em mim, não saí,
prisioneira da força das marés.

Na concha continuo, neste cansaço
que me inunda, me envolve.
Abraça-me como o sargaço
que não descola, não se move.

Aprisionada, envolta em braços,
não quero espreitar lá fora.
A escuridão estreita os laços,
e quero aquiescer na demora.

Há dias que acordam assim,
sem apelo, sem vontade,
como algo desprovido ou afim,
que me tira toda a sanidade.

Talvez o sol me ilumine,
se hoje a luz me presentear,
ou a pouca vontade me fulmine,
de um não querer, um apartar.


Queria poder esbracejar.

maria eduarda

2 comentários:

  1. Temos que sair da concha...
    Sem isso nem esbracejamos.
    magnífico poema, gostei muito.
    Maria Eduarda, tem uma boa semana.
    Beijo.

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  2. e saímos da concha, só que às vezes também apetece parar para pensar...
    Beijos

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