Os sapatos levam-me por aí,
mas hoje doem-me os pés.
Desculpa em mim, não saí,
prisioneira da força das marés.
Na concha continuo, neste cansaço
que me inunda, me envolve.
Abraça-me como o sargaço
que não descola, não se move.
Aprisionada, envolta em braços,
não quero espreitar lá fora.
A escuridão estreita os laços,
e quero aquiescer na demora.
Há dias que acordam assim,
sem apelo, sem vontade,
como algo desprovido ou afim,
que me tira toda a sanidade.
Talvez o sol me ilumine,
se hoje a luz me presentear,
ou a pouca vontade me fulmine,
de um não querer, um apartar.
Queria poder esbracejar.
maria eduarda